Conhecimento (S01E04) – Transcrição

Quarto episódio da temporada sobre epistemologia publicado no dia 04 de Outubro de 2021.

[INÍCIO DO EPISÓDIO]

[FRANK]

Aviso: para um melhor entendimento desse episódio, ouvir os episódios 1, 2 e 3 dessa temporada sobre Epistemologia.

[CURTA PAUSA SILENCIOSA]

[FRANK]

Se você parar pra pensar, não vai demorar a concluir que um dos nossos conceitos mais elementares é o conhecimento. Sério mesmo. Dos vera. Quer ver? Faz que nem eu e para agora pra pensar no tanto de coisa que tu sabe. Vai lá, vai lá: para, pensa um pouco e faz uma lista.

[SOM DE AUDITÓRIO EM SILÊNCIO]

[FRANK]

E aí: o que é que tu sabe?

Eu fiz uma lista bem curta aqui. Saca só.

[LEITURA GRADATIVAMENTE SOBREPOSTA DA LISTA DE COISAS QUE SEI]

Sei que a água ferve a 100ºC.

Sei que o Brasil é pentacampeão mundial de futebol.

Sei que a terra passou por 5 eventos de extinção.

Sei que meu 2+2 = 4. Sei que A terra gira em torno do Sol.

Sei que em 2019 foi tirado a primeira foto de um buraco negro.

Sei que o Brasil ganhou no futebol em 2016 o seu primeiro ouro nas olimpíadas.

Sei que durmo em média 8 horas por dia.

Sei que a última constituição do Brasil foi promulgada em 1988.

Sei que a Amazônia é o maior bioma brasileiro.

Sei que a COVID-19 é a maior pandemia dos últimos 100 anos.

Sei que a Terra gira em torno do Sol.

Sei que o maior rio do mundo é o rio Amazonas.

Sei que o atual aquecimento global é causado pelo ser humano.

Sei que a vacinação erradicou a varíola.

E…

Sei que o Windows 11 será lançado amanhã, no dia 05 de Outubro de 2021.

[FRANK]

Acredite: essa pequena lista é apenas… um pedaço de neve da ponta do iceberg. Eu sei que sei MUITO mais do que acabei de listar. E a situação não é diferente com você, ouvinte, ainda que saiba outras coisas que nem mesmo faço ideia que existam.

Algo tão importante e elementar merece um episódio próprio

[SOM DE UMA BATERIA TOCANDO JAZZ SURGINDO AO FUNDO]

O episódio de hoje irá introduzir um dos mais importantes conceitos filosóficos: o conhecimento. O que é conhecimento? Como defini-lo?? Quais são os tipos de conhecimento?

Meu nome é Frank Wyllys e este é mais um episódio do Esclarecimento

[SOM DE UMA BATERIA TOCANDO JAZZ DESAPARECENDO AO FUNDO]

[CURTA PAUSA SILENCIOSA]

[FRANK]

Antes de começar, queria rapidinho definir uma coisa e relembrar outra. Com relação a definição, o negócio é o seguinte: saber e conhecer – saber e conhecer – serão a partir daqui considerado sinônimos. Com relação a relembrar, levarei em conta a noção já batida mas ainda sim importante de proposição.

[TRECHO DO EPISÓDIO SOBRE CRENÇA]

proposição é o pensamento literalmente expresso por uma frase declarativa e que é passível de valor de verdade. Logo, quando digo em inglês “the snow is white” e em português que “a neve é branca”, ainda que sejam frases declarativas de idiomas diferentes, elas expressam a mesma proposição: a de que a neve tem a cor branca. Por fim, com relação ao valor de verdade, quero dizer que a proposição é verdadeira ou falsa a depender do pensamento por ela expressa corresponder ou não na realidade. Logo, quando digo que “neva lá fora”, isso é falso, pois moro em Manaus – ou seja: é mais provável ser verdadeira a proposição “chove lá fora”.”

[FRANK]

Pronto. Tudo certo. Vamos agora o conteúdo do episódio. O problema filosófico a ser respondido aqui é o seguinte:

[EFEITO NA VOZ]

O que é conhecimento?

[VOZ NORMAL]

Responder esse problema filosófico

[PASSOS CALMOS SE INICIAM]

vai requerer dar alguns passos para trás.

[PASSOS CALMOS PARAM]

[FRANK]

Comecemos do começo.

O conhecimento só existe a partir da relação entre duas coisas: um sujeito e um objetoO sujeito é aquele que conhece enquanto que o objeto é aquilo que é conhecido. Simples assim: cristalino como a água de um rio.

Só que algo interessante surge a partir dessa relação entre sujeito e objeto. Observa o seguinte: um sujeito pode se relacionar com os mais variados objetos que existem e compõem a realidade. Só que essa variedade de objetos e, principalmente, de relações que um sujeito pode ter com esses objetos acaba levando aos mais variados tipos de conhecimento. Em outras palavras: um certo padrão de relacionamento entre um sujeito e um determinado conjunto de objetos leva a um certo tipo de conhecimento.

Pega por exemplo… tirar xerox.

[BARULHO DE IMPRESSORA TIRANDO XEROX]

Digamos que um sujeito qualquer faça as seguintes alegações:

[EFEITO NA VOZ]

“meu pai sabe tirar xerox”

[VOZ NORMAL]

e

[EFEITO NA VOZ]

“eu sei tirar xerox”.

[VOZ NORMAL]

Ainda que as duas alegações envolvam conhecimento, elas são alegações distintas. O pai saber tirar xerox destaca o fato dele ter a habilidade de usar uma impressora ao ponto de gerar a cópia de um documento. Isso é diferente de dizer que sei essa habilidade. Intuitivamente, a diferença está em saber um fato e uma habilidade sobre tirar xerox.

[FRANK]

Como é que os tipos de conhecimento estão por trás dessa diferença? Bom… na epistemologia, tradicionalmente, três são os tipos de conhecimento: o proposicional, o prático e o por contato.

[FRANK]

Comecemos pelo conhecimento proposicional – também chamado de conhecimento teórico ou factual e identificado pelo termo técnico saber-queconhecimento proposicional é o conhecimento que de um sujeito sobre um fato. Ou seja: o objeto do conhecimento é uma proposição verdadeira, pois um fato é expressável por meio de uma frase declarativa e o significado dessa frase é uma proposição – sendo verdadeira quando corresponde a realidade.

Se a gente retomar o exemplo sobre tirar xerox, quando um sujeito alega que

[EFEITO NA VOZ]

“meu pai sabe tirar xerox”

[VOZ NORMAL]

a proposição contida nessa alegação indica que ele tem um conhecimento proposicional, pois é um fato o pai desse sujeito fazer essa ação. Um outro exemplo seria alguém dizer:

[EFEITO NA VOZ]

“Sei que civis realizaram uma missão espacial em setembro de 2021”

[VOZ NORMAL]

Isso é um conhecimento proposicional, pois essa pessoa está informada sobre um fato recente e relevante.

[SOM DE TV SENDO LIGADA]

[TRECHO DE VÍDEO DE UM CANAL JORNALÍSTICO SOBRE O ACONTECIMENTO]

A SpaceX do bilionário Elon Musk realizou com sucesso o primeiro lançamento de uma viagem ao espaço tripulada apenas com civis – sem astronautas. Foi o voo de estreia do novo negócio de turismo orbital de Elon Musk e um salto a frente dos concorrentes: oferecendo viagens em foguetes para quem esteja disposto a pagar uma… pequena fortuna pela alegria.

[SOM DE TROCA DE CANAL]

[TRECHO DE VÍDEO DE UM CANAL JORNALÍSTICO SOBRE O ACONTECIMENTO]

Os quatro turistas espaciais da SpaceX pousaram no atlântico na costa da Flórida no sábado após três dias no espaço. Dessa forma, o grupo conclui com sucesso a primeira missão orbital da história formada somente por civis. A chegada ocorreu conforme o planejado. A capsula Dragon viajou mais longe que a estação espacial internacional – a uma órbita de mais de 575km de altitude – e circulou o planeta mais de 15 vezes a cada dia.

[SOM DE TV SENDO DESLIGADA]

[FRANK]

Seguindo adiante, temos o conhecimento prático – também chamado de conhecimento competencial ou de aptidões e identificado pelo termo técnico saber-como ou saber-fazerconhecimento prático é o conhecimento de um sujeito sobre fazer algo – seja esse algo uma ação ou atividade. Ou seja: o objeto do conhecimento é uma habilidade, incluindo aí a sua posse e a capacidade de exercê-la.

Se a gente retomar o exemplo sobre tirar xerox, quando alego que

[EFEITO NA VOZ]

“eu sei tirar xerox”

[VOZ NORMAL]

estou dizendo que

[SOM DE IMPRESSORA SENDO LIGADA]

tenho a habilidade de usar uma impressora ao ponto de gerar a cópia de um documento.

[SOM DE IMPRESSORA TIRANDO XEROX]

[SOM DE XEROX DESAPARECENDO VAGAROSAMENTE]

Outros exemplos de conhecimento prático seriam andar de skate,

[SOM DE SKATE ANDANDO]

cozinhar

[SOM DE COMIDA SENDO FERVIDA NA PANELA]

[SOM DE FACA CORTANDO COMIDA NUMA TÁBUA]

ou programar.

[SOM DE DIGITAÇÃO]

[SOM DE DIGITAÇÃO DESAPARECENDO VAGAROSAMENTE]

[FRANK]

Por último, temos o conhecimento por contato – também chamado de conhecimento direto ou por familiaridade e identificado pelo termo técnico saber-de-algo ou saber-de-alguémconhecimento por contato é o conhecimento de um sujeito por ter ou ter tido contato imediato com uma pessoa ou local. Ou seja: o objeto do conhecimento é a experiência direta – de um sujeito com a realidade.

Um exemplo seria uma pessoa dizer algo como

[EFEITO NA VOZ]

“eu conheço o Teatro Amazonas”.

[VOZ NORMAL]

Ela pode ter um conhecimento proposicional disso: saber que foi inaugurada na data x, tem y assentos e fica localizada no Centro de Manaus. Mas conhecer o Teatro Amazonas no sentido de conhecimento por contato significa ter estado lá, se possível entrado ou até mesmo participado de alguma apresentação ou espetáculo dentro do teatro.

[SOM DE MÚSICA CLÁSSICA SENDO TOCADA DENTRO DO TEATRO]

[SOM DE MÚSICA CLÁSSICA SENDO TOCADA DENTRO DO TEATRO DESAPARECENDO GRADUALMENTE]

Um outro exemplo seria eu dizer que conheço o Festival Folclórico de Parintins: posso ter ciência da sua história de origem, das emissoras que transmitiram o festival na TV em certos anos, dos componentes do festival, temas, vencedores…

Mas isso tudo é o meu conhecimento proposicional do acontecimento. Infelizmente não tenho o conhecimento por contato do festival: não cheguei a Parintins de barco, nem me hospedei por lá para aproveitar o dia a dia durante o Festival e principalmente

[TRECHO DE SOM DO FESTIVAL COM FOCO NA TORCIDA DO GARANTIDO]

não estive na arquibancada do meu boi de coração: o Garantido.

[TRECHO DE SOM DO FESTIVAL DESAPARECENDO GRADUALMENTE]

[CURTA PAUSA SILENCIOSA]

[FRANK]

A partir desse ponto o conhecimento proposicional será o tipo de conhecimento pressuposto no restante do episódio e também durante toda essa temporada – incluindo os episódios anteriores. Ou seja: conhecimento é conhecimento proposicional, onde conhecer significa conhecer uma proposição. Não faço esse recorte em vão: esse tipo de conhecimento, na verdade, foi aquele que mais recebeu atenção na filosofia. Mas como explicar isso?

Célia Teixeira, filósofa portuguesa, apresenta rapidamente dois motivos para esse fenômeno. O primeiro motivo reside no fato de grande parte do conhecimento humano ser do tipo proposicional. Quer alguns exemplos?

O conhecimento científico, por exemplo, seria um conhecimento proposicional, como quando alguém diz saber que existem ondas gravitacionais.

[SOM DE ONDAS GRAVITACIONAIS COLIDINDO]

Também seria proposicional o conhecimento histórico, como por exemplo a posse da Dilma como a primeira presidente da República Federativa do Brasil.

[TRECHO DO INÍCIO DO JORNAL NACIONAL DO DIA 01/01/201]

[FÁTIMA]

Boa noite. As três horas da tarde deste primeiro de Janeiro, Dilma Rouseff assumiu formalmente a presidência do Brasil. Esse dia histórico é o destaque do Jornal Nacional que o William Bonner apresenta ao vivo de Brasília. Boa noite, William.

[WILLIAM]

Boa noite Fátima. Boa noite a todos…

[FRANK]

O conhecimento literário também seria proposicional, como por exemplo o poema “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias.

[INÍCIO DA DECLAMAÇÃO DO POEMA]

Minha terra tem palmeiras

Onde canta o Sabiá

As aves que aqui Gorjeiam

Não gorjeiam como lá

[FIM DA DECLAMAÇÃO DO POEMA]

[FRANK]

O segundo motivo está nos outros dois tipos de conhecimento – no caso: o prático e por contato – serem menos sofisticados e também sendo de posse de animais não-humanos. Ou seja: o conhecimento proposicional seria fruto de animais com capacidades cognitivas relativamente sofisticadas – o que, além dos seres humanos, claro, provavelmente alguns poucos animais possuiriam essas capacidades.

Tá: pressupondo que conhecimento é o conhecimento proposicional, retomemos o problema filosófico. Pergunto novamente:

[EFEITO NA VOZ]

O que é conhecimento?

[VOZ NORMAL]

Na epistemologia, tradicionalmente, o conhecimento é definido a partir da satisfação de três condições. Portanto, uma pessoa só pode dizer que sabe uma proposição qualquer quando atende essas condições.

A primeira condição a ser atendida é a crença. O que é uma crença? A resposta a esse problema filosófico consta no primeiro episódio desta temporada.

[EFEITO NA VOZ]

crença é uma representação mental da realidade expressável através de uma proposição.”

[VOZ NORMAL]

O conhecimento, portanto, envolve a capacidade do sujeito de representar adequadamente a realidade ou uma parte dela dentro da sua cabeça.

Digamos, por exemplo, que você passa a crer que a Cloroquina cura pessoas com COVID após ver na TV após os estudos em andamento dentro de um hospital particular indicar esse resultado.

[SOM DE TV SENDO LIGADA]

Um estudo feito pela equipe médica da Prevent Senior sugere a eficiência da hidroxicloroquina associada a azitromicina em pacientes com os sintomas inicias do coronavírus. De acordo com a pesquisa os resultados indicam que o tratamento reduziria 65% das internações na rede hospitalar.

[SOM DE UMA TV SENDO MUTADA]

[FRANK]

Mas essa é uma crença falsa. Hoje sabemos não somente que a Cloroquina não cura pessoas com COVID como esse estudo foi muito pior do que se imagina:

[SOM DE UMA TV SENDO DESMUTADA]

A comissão parlamentar de inquérito da pandemia ouve agora o depoimento da advogada Bruna Morato, que representa legalmente um grupo de médicos que denunciou a operadora de saúde Prevent Senior.

A advogada elaborou um dossiê que reúne provas e depoimentos de 12 médicos da operadora de saúde confirmando que a diretoria da Prevent Senior teria usado beneficiários como cobaias em um estudo sobre efetividade da cloroquina no combate a COVID.

[SOM DE TROCA DE CANAL]

[JORNALISTA]

Segundo ela, os médicos da empresa não tinham autonomia para prescrever medicamentos para pacientes com COVID. Era a diretoria da empresa que determinava kits padronizados com 8 medicamentos para cada paciente.

[ADVOGADA]

E esse kit vinha num pacote fechado e lacrado. Não havia autonomia com relação a até a retirada de itens desse kit. Inclusive é muito importante observar também que quando o médico queria tirar algum kit, ainda que ele riscasse na receita, o paciente recebia ele completo!

Então ele tinha a informação de que ele tinha que tomar aqueles medicamentos e o médico tinha que riscar porque a receita também já estava pronta. Inclusive ela vinha com manual de instruções.

[JORNALISTA]

Bruna Morato firmou que era comum a empresa mudar a causa da morte de um paciente que teve COVID.

[SOM DE TV SENDO DESLIGADA]

[FRANK]

Quando falamos de conhecimento, o que geralmente vem a mente das pessoas é algo mais seguro, firme, que não seja falso ou evite a falsidade. Ora: uma das conclusões do primeiro episódio dessa temporada foi que

[EFEITO NA VOZ]

“Ter uma crença não significa que ela é verdadeira, pois é possível que esteja na posse de uma crença falsa. Ou seja: existe uma distinção entre verdade e crença.”

[VOZ NORMAL]

Nesse sentido, crença não é conhecimento em razão da possibilidade de termos crenças falsas. Por isso que crença não é conhecimento: ela pode ser falsa. Mas perceba que a crença ser distinta do conhecimento nos faz notar que não basta apenas acreditar: é preciso que a crença seja verdadeira. Por isso, além do conceito de crença, precisamos do conceito de verdade.

A segunda condição a ser atendida para que haja conhecimento é a verdade. Não basta um sujeito crer: é preciso ter uma crença verdadeira. Mas o que é a verdade? A resposta que adotei no segundo episódio dessa temporada, quando lancei esse mesmo problema filosófico, foi através da teoria correspondencial da verdade:

[EFEITO NA VOZ]

“[…], teoria correspondencial da verdade defende que uma proposição é verdadeira se ela corresponde com a realidade. Em outras palavras: se o pensamento expresso na proposição retrata com exatidão a realidade como ela é, então a proposição é verdadeira.”

[VOZ NORMAL]

Ter uma crença e ela ser verdadeira é necessário para que haja conhecimento, mas não é o suficiente. É possível que uma crença seja verdadeira por um golpe de sorte, por exemplo. Quer ver?

Imagina… que esteja chovendo muito, mas muito mesmo.

[SOM CONTÍNUO DE CHUVA FORTE]

Imagina agora que faço uma aposta valendo 20 reais com a minha mãe sobre o seguinte: daqui 5 segundos um raio vai cair bem perto de casa. Ela aceita.

[SOM DOS SEGUNDOS DE UM RELÓGIO]

Eu ligo o cronômetro e 5 segundos depois…

[SOM DE TROVÃO]

[FRANK]

Ainda que fosse algo altamente improvável, a minha crença sobre um raio cair bem perto de casa 5 segundos depois acabou por ser verdadeira. Mas olha que estranho: eu apostei a partir de uma crença sem qualquer boa razão em suporte a ela, mas mesmo assim, por um golpe de sorte, a crença acabou por se tornar verdadeira.

Quando dizemos que sabemos algo, soa estranho ou desagradável dizer que o que sabemos é algo originado da sorte de nossa crença ser verdadeira. Intuitivamente, conhecimento nos parece ser algo mais seguro e firme, não dependendo da sorte. É preciso uma terceira condição.

A terceira condição a ser atendida para que haja conhecimento é a justificação. O que é a justificação? No terceiro episódio dessa temporada, assim caracterizei esse conceito filosófico:

[EFEITO NA VOZ]

A justificação cumpre o papel de dar um suporte adequado a uma crença – dando assim maior garantia sobre a verdade da crença.”

É mais provável uma crença ser verdadeira quando temos boas razões, provas ou evidências a seu favor. Por exemplo: quando digo que vai chover, a crença de que irá chover é mais e mais verdadeira quando a justifico verificando na internet sobre a previsão do tempo em mais de 1 fonte e todas elas apontam uma alta probabilidade de chuva, indico uma maior presença de nuvens carregadas no céu, um vento mais frio no ar…

[CURTA PAUSA SILENCIOSA]

[FRANK]

Sabido quais são as três condições para a existência do conhecimento – e repetindo: estamos falando aqui de conhecimento como conhecimento proposicional -, quando alguém te perguntar o que é conhecimento, responda o seguinte:

[VOZ COM EFEITO]

conhecimento é a crença verdadeira justificada.

[VOZ NORMAL]

Essa é a definição tradicional do conhecimento: o conhecimento é a crença verdadeira justificada. De maneira mais precisa, um sujeito conhece uma determinada proposição se e somente se (1) o sujeito acredita nessa proposição, (2) a proposição é verdadeira e (3) o sujeito está justificado em acreditar nessa proposição.

O conhecimento, portanto, é um conceito construído com base em outros três conceitos: a crença, a verdade e a justificação. Cada um deles é necessário e todos os três em conjunto são suficientes para um sujeito dizer que tem conhecimento de uma certa proposição.

[CURTA PAUSA SILENCIOSA]

[FRANK]

Olá ouvintes! Tudo bem com vocês?

Espero que sim, em!?

Esse é o quarto episódio da primeira temporada do podcast que trata sobre Epistemologia. FINALMENTE falei de conhecimento. Poderia ter começado a temporada chutando o pau da barraca, mas resolvi ir com calma e primeiro fazer um episódio introduzindo cada um dos três conceitos envolvidos na definição de conhecimento: crença, verdade e justificação.

E seguindo a tradição, este episódio está fundamentado em algumas referências. X.

Além das referências, deixo o meu agradecimento a todos os mecenas desse podcast: Laira Maressa, Fylype Wase, Helly Apoliano e aos dois mecenas anônimos que apoiam esse podcast na surdina. Obrigadãozão mesmo – de coração.

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Isso é tudo por hoje, pessoal!

Até o próximo episódio!!

Tchau tchau!!!

[FIM DO EPISÓDIO]


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